quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Marcapata a Ausangatec Hatun Pukaran

                                                    Quarta-feira, 07 de Outubro de 2009


      Só temos que agradecer a Deus por esta viagem maravilhosa. E agradecer também pela oportunidade de podermos ver e viver um lugar como este! " Deus é incrível!"
      Fizemos uma viagem, na virada do milênio, com uma turma espetacular, para Ushuaia, sul da Argentina e, até ontem, não parávamos de lembrar e falar sobre ela. E foi a 9 anos atrás e durou 40 dias. Imaginem como será com essa que durará em torno de 100.
      Nem todos os adjetivos do Mestre Aurélio, nem a melhor redação, nem a mais potente câmera fotográfica do mundo é capaz de traduzir o que estamos vendo e sentindo ao vermos esta paisagem...surreal!
     E como ontem eu estava citando sobre os prós e contras desta estrada, mais um ponto positivo: ela permite que todos possam viver essa emoção . Permite a nossa passagem por dentro da Cordilheira. É fabuloso!!!
      Saimos de Marcapata às 05:30 ( é verdade, acordamos às 4:30 ) pois queríamos ver o "monte nevado" bem cedo, sem nuvens  ( e vimos! ) e porque fecham a estrada em determinado trecho. Tem hora pra passar ali. A temperatura estava em torno de 10 graus dentro do carro ( aliás, toda temperatura que eu passar, terá sido monitorada de dentro do Cruzador ).
      Ainda rodamos no rípio ( nosso cascalho ), por mais 7 km, depois começa o asfalto novo. E também começa a subir, subir, subir..., paramos a 4040 msnm para pegarmos água em uma nascente que brota de dentro da rocha - aqui no Peru é comum  em altas altitudes, ter água no alto das montanhas, por isso é bem comum vermos comunidades bem lá no alto - e esta nascente estava aos pés do monte nevado. Água pura, cristalina, e deliciosa ( dizem os químicos que água não tem sabor. Ah, tem sim! ). Ficamos ali por umas 2 horas, foram chegando campesinos ( moradores das comunidades ao redor ) e funcionários da construção da estrada ( também de comunidades próximas ) e claro, fiz todas as perguntas necessárias às minhas curiosidades. Senti que as  pessoas nesta altitude são muito carentes. Carentes de atenção, de alguém que pare e as ouça, de conversar com gente diferente delas, de outro mundo! Carentes de coisas materiais então, sem se fala! Trouxemos alguns presentes para crianças, mas para adultos, e principalmente, para as mulheres não. Uma lástima! Elas pedem de tudo, o tempo todo, em todas as nossas paradas. Pedem desde dinheiro até hidratante ( um sonho para elas, dá dó de ver o quanto têm a pele das mãos e pés ressecados ), batom  pois seus lábios racham muito, pente de cabelo, qualquer coisinha para elas é um valioso presente. Reclamam do trabalho exaustivo na altitude, sentem-se muito cansadas e desvalorizadas. Reclamam dos homens da obra que se enamoram delas, prometem tirá-las dali, elas engravidam e eles somem. Mulheres de 19 a 25 anos  chegam a ter 3 a 4 filhos de pais diferentes. Uma lástima maior ainda!
      Bem, seguimos nosso caminho. Subindo sempre, claro!
      Chegamos a altitude máxima de 4786 msnm ( metros sobre o nível do mar ), bem diante do monte nevado - ainda não sabemos seu nome-, imponente! Mas adiante encontramos um ciclista francês solitário, de shorts e camiseta. Ele só ia até o outro lado da Cordilheira dos Andes, seu sonho era atravessá-la. E nós usando oxigênio a toda hora.
      Paramos em Ocongate para descansar. Descemos para 3520 msnm. Eu estava com muita dor de cabeça e Jeronymo com muito sono. Hoje estávamos "tudo muito": muita dor, muito sono, muito enjôo... Seguindo, rodamos por 7 km dentro de um cânion de não mais de 200 m de largura e talvez uns 150 m de altura, lindo. Super diferente! Ele vai então se abrindo para um enorme  vale fértil e cheio e plantações de cevada e papas ( uma espécie de ervilha ) e fazem artesanatos de lã de Alpaca. E ainda criam suas ovelhinhas, suas vaquinhas, seus carneirinhos - falo no diminutivo porque é muito engraçado que as pessoas aqui são pequenininhas e seus animais também!
      Voltamos a subir, dessa vez chegamos a 3889 msnm e paramos num abençoado mirante. Se encontra na latitude  W 136154  e longitude  S 715726 , 34 km depois de Ocongate para quem vem de Puerto Maldonado.  O Ausangatec Hatun Pukaran - não conseguimos descobrir o que significa, mas descobrimos que esse é o nome do monte nevado! - e ali resolvemos que seria nosso oásis por esta noite. Esse lugar, que funciona realmente como um oásis no meio do nada, é uma iniciativa da Odebrecht ( construtora da estrada ) para proporcionar aos campesinos um extra na renda familiar. A empresa levou até eles, por 6 meses, profissionais da área de alimentação, atendimento ao turista, higiene pessoal e pelo local e até decoradores para ensinar-lhes como decorar "seus" restaurantes, sim porque toda a renda do local é voltada para os campesinos. Porque? Porque a estrada passa bem no meio de suas propriedades! E ainda receberão salários por 2 anos até que o fluxo de turismo ali esteja consolidado! Ah, e existem mais alguns projetos como este para outros pontos da estrada.
      A comida é maravilhosa, o lugar é extremamente limpo e o atendimento é nota dez! Afinal, tirando o jantar em Puerto Maldonado, que também era um tanto duvidoso, não se pode, nem se deve comer e beber em nenhum outro lugar que não seja em seu próprio carro. Todos os lugares por onde passamos são extremamente sujos. Deve-se trazer bastante lanche e bebida para não passar fome...ou mal!
      Anoiteceu, todos foram embora e nós ficamos baseados ali, no meio do nada e de ninguém. Ventava muito e o frio de 5 graus às 18:30 nos avisava como seria a madrugada. Fomos para debaixo dos 4 cobertores, usando cada um 2 meias de lã, 2 blusas de frio de lã, 2 calças de lã, luvas e gorros, às 19:00. Para tentar sobreviver àquela noite.


Detalhe:
   -  O Jeronymo aconselha a ter buzina a ar no carro, porque as estradas são em forma de "U" e os motoristas locais são bem imprudentes.
   -  Até aqui, tivemos em 650 km rodados no Peru, 110 km  de estrada inacabada, ainda de rípio. Porém em excelentes condições.





Logo na saída de marcapata               










Cemitério                                     












Essacomunidade está muito acima da estrada, bem alta!








É realmente necessário                         




Virei freguesa                            




Às vezes só existe uma casa, e é uma zona urbana       




Aqui sim, é uma zona urbana, uma comunidade!




As cores das montanhas




Olha o "Monte Nevado" aí




Este é o meu marido!                               












Esta campesina nos pediu  5 soles pela fotografia. Mas nos deu de presente.    




Uma pastora vigiando suas ovelhas








Mirante Ausangatec                                            




Restaurante do Mirante e o Sr. Antônio me servindo     






     
  
     
         

     

2 comentários:

  1. Meus Queridos...

    Que emoção ver esse blog, me sinto aí com vocês (dessa vez eu não estaria no lugar da geladeira...rs).
    Bem, só resta dizer que estamos com muita saudade, mas que realmente a internet é uma companheira, maneira ideal para nos sentirmos próximos.
    Continuem postando os comentários, as fotos, enfim...cada palavrinha tem significado importantíssimo para nós.

    AMAMOS MUITÃO VOCÊS...que Deus continue proporcionando a realização desse sonho com proteção divina.

    Beijo enorme e abraço apertado!

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  2. oi Mê e Je...se daqui essa viagem já esta emocionante...imagine aí.To amando cada detalhe e cada fotu...vamos ter muito o que conversar em Janeiro.
    Samanta e Bianca tbem estão acompanhando tudo e mandam um beijo.
    um grande bju pra vcs...fiquem com Deus

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